Prezados companheiros de lista
Tenho acompanhado com interesse os debates sobre o tema
“EXCESSOS DE TJ x EXCESSOS DE EX-TJ”, tendo discernido, após a leitura das
diversas mensagens e diálogos com
o Bill, alguns pontos fundamentais que precisam ser colocados a fim de prover um
rumo lógico à discussão, a qual tem se dispersado para generalizações e
particularizações que pouco contribuem para uma visão ampla e isenta da questão
– o que não é nada fácil. São eles:
1)
A justaposição dos títulos “TJ” e “EX-TJ”, lado a lado,
transmite a enganosa impressão de estarmos diante de DUAS INSTITUIÇÕES – o
que é falso, pois a primeira o é, a segunda, não.
Esta diferença é crucial: a Torre de Vigia serve como guia espiritual
dos milhões de TJ em todo o mundo, os quais agem, em sua esmagadora maioria, de acordo com aquilo que lhes ensina a sua
literatura, o que lhes dá COORDENAÇÃO, UNIDADE DE CORPO, CONFORMIDADE DE
PENSAMENTO (como um exército de formigas) –
de fato, proclama-se com júbilo
que, ao se indagar uma TJ em qualquer parte do mundo sobre uma doutrina bíblica,
invariavelmente obter-se-á a MESMA RESPOSTA.
A organização considera isto como evidência em favor de sua “UNIDADE
CRISTÔ. Por outro lado, os ex-TJ não constituem uma organização, nem têm
uma entidade central controladora
(segundo a Sociedade Torre de Vigia, sua entidade controladora chama-se Satanás). Na verdade não
passam de milhões de indivíduos dispersos pelo globo, CADA UM ENTREGUE A SI PRÓPRIO,
com seus pensamentos, traumas, mágoas e questionamentos. Encontram-se, além
disso, banidos do seio dos amigos e desprezados pelos próprios
entes consanguíneos – tudo por orientação do Corpo Governante. Os
membros da Torre de Vigia NÃO SE ENCONTRAM ASSIM. Eles têm um programa regular
de 5 reuniões semanais, além do estudo pessoal, serviço de campo etc.
Suas mentes são moldadas dia a dia. Seus atos são orientados
pela “mãe” organização, à qual estão incondicionalmente
sujeitos. Aquilo que a organização lhes sugere ou simplesmente deixa implícito
– muitas vezes por meio de expressões ambíguas, tais como “pensa-se
que”, “achamos que”, “certamente é elogiável que”, “é
apropriado que”, “espera-se que” e muitas outras – soa-lhes como instruções
provindas do próprio Espírito Santo, de modo que a
organização NÃO PODE SE EXIMIR DA RESPONSABILIDADE PELOS ATOS DE SEUS
ADEPTOS QUE AGEM INCENTIVADOS PELA SUA PRÓPRIA LITERATURA. Todavia, quando
membros desta lista mencionaram casos envolvendo ex-adeptos da Sociedade Torre de Vigia
, os quais,
obviamente praticaram atos condenáveis e até ilegais – como, por
exemplo, agredir verbalmente um publicador à sua porta, brandindo uma arma, ou
colocando veículo sonorizado
defronte um local de reuniões das TJ -
não se deve perder de vista o fato de que tais pessoas NÃO PERTENCIAM A
UMA ORGANIZAÇÃO DITA “APÓSTATA” OU UMA ENTIDADE TIPO “ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DOS EX-TJ”, com um corpo governante, sede mundial, milhões de dólares
em propriedades e maquinaria gráfica, com
literaturas ascendendo a milhões de exemplares de tiragem e um programa
de TREINAMENTO espiritual e instruções de como agir nesta ou naquela situação.
Seus atos representavam a eles mesmos, pois não havia uma instituição por trás
deles. Eram apenas INDIVÍDUOS, agindo sob a ótica de seus próprios
pensamentos – distorcidos, quem sabe, pela tremenda pressão oriunda do
processo de exclusão – coisa bem diferente de membros da Torre de Vigia praticando
aquilo que entendem ser o ensinamento do “escravo fiel e discreto”. É a
Torre de Vigia que se auto-denomina representante da ÚNICA VERDADE, não a
comunidade heterogênea de ex-TJ pelo mundo afora. É ela que carrega sobre os
ombros o peso da responsabilidade de transmitir os pensamentos de Deus. É a
Deus que ela transmite seu VITUPÉRIO. De modo que eu pergunto: de quem se
espera retidão em seus caminhos? Das TJ ou das ex-TJ? Segundo a Sociedade Torre de Vigia, dos
primeiros. Segundo nós, DE QUALQUER UM, independentemente da
religião a que pertence. O fato de tanto um grupo quanto o outro
apresentar comportamento condenável atesta por si mesmo que NENHUM DOS DOIS É
ESPECIAL ou constitui “os escolhidos”. Só que UM destes grupos
se declara especial – as TJ – deglutindo o assim chamado “alimento
espiritual no tempo apropriado”, enquanto o outro é hostilizado quais
“leprosos espirituais”, indignos sequer de um cumprimento – como ensina a
própria literatura da Sociedade Torre de Vigia, colocando todos indistintamente na mesma categoria.
A Sociedade Torre de Vigia se recusa a abrigar dissidentes em seu meio, amaldiçoando-os e
aplicando-lhes o epíteto de
“apóstatas” ou “espancadores de co-escravos”. Enquanto isto,
nesta lista, QUE NÃO É NEM PRETENDE SER UMA RELIGIÃO,
admitem-se a heterogeneidade de concepções e a discordância. À guisa
de exemplo, note-se, na mesma lista, abrigam-se Osarsif e Hermman,
cuja divergência de opiniões é gritante. Assim, pergunto: quem merece
o título de intolerantes - os apóstatas ou a Torre de Vigia? Os fatos falam
por si. Isto me faz lembrar uma citação de Rui Barbosa: “INJUSTIÇA NÃO É
SÓ TRATAR DESIGUALMENTE AOS IGUAIS, MAS TAMBÉM É TRATAR IGUALMENTE
AOS DESIGUAIS.”
Me parece ser exatamente o caso.
2)
Os assim chamados “excessos” entre as TJ resultam, em grande parte, tão-somente
da estrita adesão delas aos ensinamentos e sugestões de Betel. Senão, vejamos
alguns exemplos:
“...Receberam-se
notícias a respeito de irmãos que VENDERAM sua casa e propriedade e que
planejam passar O RESTO DE SEUS DIAS neste velhos sistema de coisas empenhados
no serviço de pioneiro. ESTE É CERTAMENTE UM MODO EXCELENTE de passar o POUCO
TEMPO que resta antes de findar o mundo iníquo. “ (o maiúsculo é meu)
Que
efeito tiveram as palavras “ este é um modo excelente” sobre o rebanho? A
história mostra que muitos seguiram à risca aquilo que a sociedade estava
sugerindo – a saber, desfizeram-se
de seus bens, demitiram-se de seus empregos, reuniram seus parcos recursos e caíram
na estrada, com economias suficientes apenas para sua subsistência durante o
ano de 1975, proclamando o “fim” iminente do sistema de coisas. Ray Franz
declara em seu livro “Crise de Consciência”, pág. 242 e 243, que alguns
foram ainda mais longe – idosos converteram em dinheiro apólices de seguro e
doentes adiaram cirurgias na esperança de que, com o prometido restabelecimento
do Reino de Deus na terra, não fosse mais necessário fazê-las. O resultado de
tais “EXCESSOS”? O ano de 1975
passou, o “fim”, a exemplo de
1874, 1914,1915,1918 e 1925, não veio. Tais pessoas tiveram que lidar com duras
realidades e refazer suas vidas da melhor maneira possível – um
desapontamento perfeitamente evitável e um “excesso”,
por certo, desnecessário.
PODE A TORRE DE VIGIA EXIMIR-SE QUALQUER RESPONSABILIDADE POR ESTE EPISÓDIO?
Chegaram aquelas pessoas àqueles
“excessos” sozinhas?
b)
Antes de 1975, a Torre de Vigia, tinha por política instruir os irmãos
hemofílicos que buscavam informações sobre o uso de frações do sangue a
aceitaram o uso do fator de coagulação
VIII - UMA ÚNICA VEZ - como “remédio”,
pois, se o fizessem por MAIS DE UMA VEZ, seria considerado como
“alimentar-se”, sob pena de desassociação.
A partir de 1975, esta política mudou, permitindo-se o uso repetido
daquela fração. Todavia, tal mudança só se tornou disponível em literatura
3 anos depois, em 1978. Em que pese o absurdo de tal reviravolta doutrinária, o
fato é que o pessoal da redação, o qual
recebeu inúmeros telefonemas, antes de 1975, não teve como contatar
os doentes para avisá-los da mudança. De modo que, até o lançamento
de A Sentinela de 1º de Dezembro de 1978, não se sabe o número
exato daqueles que MORRERAM por aderir estritamente à política da Torre de Vigia. A
QUEM CABE A CULPA POR TAIS
“EXCESSOS”? Ainda neste respeito,
sabe-se que a Torre de Vigia, no ano de 1962, autorizou transplantes de
órgãos, em 1968, proibiu-os e, em
1980, voltou a liberá-los. Quantos morreram em razão de tais “excessos” de
regras entre os anos de 1968 e 1980? Quantos morreram em razão do constante
liberar e proibir de frações do sangue por parte da Sociedade Torre de Vigia durante as últimas décadas?
Para quem se interessar, existe um “site” denominado “Memorial pelas vítimas
da Watchtower” , com uma vasta
lista de nomes de pessoas que morreram em nome das sempre-mutantes regras de
Brooklyn. A QUEM CULPAR POR TAIS EXCESSOS, SENÃO À “MÃE” ORGANIZAÇÃO?
Creio que tais fatos lançam por terra o argumento de que
seguir à risca as normas da Torre de Vigia jamais resulta em dano real
ou em excessos (para mais informações, “Crise de Consciência”, págs.
127,128).
c)
A postura das TJ em relação aos desassociados é nada mais nada menos
do que a reprodução exata das normas
da Torre de Vigia.
Se há excessos, estes são, sem dúvida, fomentados e inspirados na própria
literatura da sociedade, a qual classifica os assim chamados apóstatas de
“odiadores de Deus”. Em 1974, a
postura da sociedade abrandou um pouco sua visão do relacionamento dos
membros da congregação com os desassociados. Ray Franz foi designado para
redigir tais artigos, os quais saíram em publicações da sociedade. A norma
era de que poder-se-ia manter um contato mínimo com aqueles que haviam se
afastado, exceto se por motivo de ingresso em instituição religiosa ou
militar. Subitamente, em 15 de Janeiro de 1981, A Sentinela trazia um artigo
onde assumia-se uma postura muito mais radical do que aquela que foi abrandada
pelos artigos de 1974, proibindo até o simples cumprimento aos desassociados.
Como resultado, Ray Franz foi desassociado por uma simples refeição com seu
patrão e benfeitor, Peter Gregerson. Deu-se início a uma verdadeira operação
de expurgo, com muitas desassociações por motivo de conduta anteriormente
permitida pela própria sociedade. Com o temor da apostasia, os artigos nas
revistas da Torre de Vigia têm sido cada dia mais taxativos, sendo os
dissidentes “diabolizados” e amaldiçoados
como merecedores da morte. Um dos possíveis resultados desta política pode ser
bem ilustrado pelo seguinte episódio: um irmão do nosso companheiro Carlos, por
ocasião de sua dissociação, passou a declarar que o
irmão, para ele, “ESTÁ MORTO” , fazendo menção do Salmo 139, onde
se diz: “Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não
tenho aversão aos que se revoltam contra ti? ODEIO-OS COM ÓDIO CONSUMADO.
TORNARAM-SE PARA MIM VERDADEIROS INIMIGOS.”
Onde esta pessoa obteve tal entendimento do que dizem as escrituras? Não
foi da Sociedade Torre de Vigia? Veja
o leitor que o texto menciona odiar a Deus.
Quem julgou nosso companheiro Carlos como odiador de Deus? A sociedade
substituiu, no texto, a palavra “Jeová” pelas palavras
“Sociedade Torre de Vigia”, segundo seu próprio critério. Se alguém
argumentar que a sociedade não endossou tal tratamento a um irmão carnal, o
que dizer da tolerância dela para com os que manifestam tal atitude desumana e
diabólica? Repreende ela os que assumem tal conduta? Ou os faz pensar que, por
assim agir, prestam serviço sagrado a Deus? Resultaram tais excessos em
“MELHORES PAIS, MELHORES MÃES, MELHORES FILHOS E MELHORES IRMÃOS”? É
assim que se dá exemplo de cristianismo? A
tolerância e o endosso tácito da Sociedade Torre de Vigia a tal conduta faz lembrar a passagem bíblica
onde se diz que “é por não se executar prontamente uma sentença contra um
trabalho mau, que o coração dos homens fica decidido a repetí-lo.” Ou
as palavras de Cristo, quando ele diz: “Guias cegos é o que eles são,
pois se um cego guiar outro, ambos cairão em uma cova.”
(Mateus 15:14)
Muitos exemplos mais poderiam ser
citados, o que julgo desnecessário
neste momento. O ponto em questão, acho, já está esclarecido, a saber, a
Torre de Vigia é responsável, sim, pelos excessos cometidos por seus membros
no tocante à adesão estrita às normas que ela própria publica em sua
literatura. Pergunte-se a qualquer um que passe nas ruas o que o nome
“Testemunhas de Jeová” lhe traz à
mente e ouvir-se-á, por diversas vezes, que
tal nome fá-los lembrar “aquela gente esquisita que não toma sangue, não
comemora Natal ou aniversário, não serve ao exército, vota nulo e vive
amolando as pessoas nas manhãs de domingo...”
Só isso. Nada além disso. São conhecidas mais pelos excessos do que
por qualquer outra coisa. Quem desejar, pode fazer o
“teste” nas ruas.
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